Dia 17/6/2025 - 12º dia de Governo
O Governo apresentou o seu programa num Parlamento clara e barulhentamente à direita. Na sessão da manhã, o primeiro-ministro respondeu aos pedidos de esclarecimento dos diversos partidos da oposição. Luís Montenegro apresentou-se como um político cujo programa fora legitimado pelo voto popular.
Na sessão da tarde, intervieram os ministros responsáveis pelas áreas sectoriais. Talvez um destaque para dois ministros: primeiro, a do ministro da Presidência António Leitão Amaro (1h56m) que fez uma intervenção em torno da questão da imigraçlão que pareceu querer ultrapassar - pela direita - a própria extrema-direita: pela escolha do tema, pela palavras que empregou, pela gritaria (inabitual nele); segundo a do ministro adjunto e para a Reforma do Estado, Gonçalo Saraiva Matias (3h08m) (nascido em 1979, ex-secretário de Estado de Passos Coelho e presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos) procurando ultrapassar - pela direita - a Iniciativa Liberal, tanto pelo nível da sua voz como pela agitada gesticulação em torno da necessidade e da urgência da reforma do Estado.
Não é verdade, mas poderia ser: Após
a discussão do programa do Governo, o Parlamento decidiu criar um
"exaltómetro" para que seja possível quantificar cientificamente qual é o
deputado da direita que diz a palavra "Imigração" com mais gafanhotos,
tom e nível da voz, maior amplitude de gestos, vermelhidão do rosto,
abertura dos olhos e dilatação da pupila, pressão sanguínea e
latejamento arterial. O ministro da Presidência, Leitão Amaro, foi um sério candidato ao ouro.
Dia 18/6/2025 - 13º dia do Governo
No dia seguinte, na sessão de encerramento, talvez o destaque vá para o deputado do CDS João Almeida (14m30s) que tentou ultrapassar - pela direita - a própria extrema-direita. "Lei e Ordem", gritou hoje o deputado do CDS João Almeida da tribuna do Parlamento de onde - como disse - tinha a agradável visão da esquerda reduzida à minoria. "Sim, Lei e Ordem é o que o país quer".O CDS - como se recorda - tinha como principais dirigentes quadros que nasceram do interior do regime ditatorial e que, após o 25 de Abril de 1974 foram convidados pelo MFA como a face democrata cristã da sociedade, passando a defender a "nacionalização dos sectores da economia não sujeitos à lei da concorrência nacional ou internacional, ou o controlo público das situações monopolistas" e a criação do SNS (ver https://www.cds.pt/principios.html), e paulatinamente foram deslizando até gritar hoje, como a extrema-direita, o regresso da intervenção policial de "Lei e Ordem" de há mais de 51 anos.