2024/03/28

"O dia antes do fim" - Os tempos não são de euforia

Fonte: INE, indicadores de conjuntura
 

Os técnicos do Instuto Nacional de Estatística (INE) sublinham que, de Dezembro de 2023 a Março deste ano, o indicador de clima económico melhorou. Acrescentam mesmo que inverteu a tendência descendente observada desde Fevereiro de 2022. Porém, se olharmos bem, verificamos que o ambiente económico actual encontra-se ainda aos níveis pós-recessão Covid, que, por sua vez, estão ao mesmo nível do ambiente pré-crise financeira internacional de 2007 e muito longe dos níveis anteriores à criação do euro. Ou seja, não se vive um ambiente eufórico... 

E isso reflecte-se igualmente no índice de confiança em diversos sectores económicos. Construção e Comércio apresentam uma tendência descendente. A excepção parece situar-se na indústria transformadora (linha azul) e serviços (linha amarela), embora os seus níveis sejam semelhantes aos pré-crise financeira de 2007 ou pós-recessão provocada pelos programas de austeridade (2010-2014). 


Os agregados familiares parecem mais optimistas, mas não muito:

 

Siga-se as linhas azul (situação financeira dos agregados nos últimos 12 meses) e cinzenta (a percepção da sua situação financeira nos próximos 12 meses): visivelmente a linha cinzenta apresenta ainda valores negativos, mas menos negativos que os da linha azul, o que parece mostrar que as famílias estarão em melhor situação. Contudo, as poupanças das famílias - que pouco recuperaram desde a recessão provocada pela pandemia - apresentam ainda valores muito negativos, mas com uma tendência de subida.  

Quando à sua percepção de como está o país, as famílias mostram-se pessimistas:


Para as famílias, o futuro ainda se mostra sombrio: a situação económica do país nos próximos 12 meses estará um pouco melhor que a dos últimos 12 meses, mas ainda muito negativa (linhas cinzenta e azul claro); o desemprego parece não descer; e a inflação, se estará mais baixa do que nos últimos 12 meses, a sua percepção é a de que os preços continuarão a subir.   

Por outras palavras, um custoso caderno de encargos para o próximo Governo. 

 

Nota de rodapé: O primeiro-ministro indigitado Luís Montenegro apresentou hoje o seu Governo ao Presidente da República. São 17 ministros, muitos deles vindos da própria direcção do PSD. A extrema-direita criticou o número elevado de ministros e ministérios, esquecendo-se da experiência vivida por Pedro Passos Coelho, há 12 anos, quando - com os mesmos argumentos actuais da extrema-direita - reduziu o número de mnistérios, acumulando num único ministro múltiplas pastas, para mais tarde voltar a ter de criar ministérios...  


 



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